Pedro Fragoso à Conversa com o “Pátio de Quadrilhas





Estávamos no ano de 1976 no dia 13 de Agosto quando nasceu Pedro Miguel Cordeiro Fragoso, no Concelho de Santarém mais propriamente na Ribeira de Santarém, tendo atualmente 36 anos.

Tendo pegado pela primeira vez na Praça da Figueira da Foz (Coliseu Figueirense) um toiro da Ganadaria Norberto Pedroso com mais de 500 KG a 13 de Agosto de 1992, no dia em que completava dezasseis anos.




P. Q.- Pode dizer-me como começou o seu gosto pela forcadagem, ou quem o impulsionou?
P. F.- O meu gosto pela festa brava e em especial pela forcadagem, começou quando eu via as corridas que na altura eram televisionadas principalmente a parte das pegas que era o que me dava mais alegria e gosto de ver, mas também enquanto ajudava o meu pai havia um senhor que ia ao trabalho dele e que sempre me dizia que eu um dia ainda havia de ser forcado.
O que veio a acontecer alguns anos depois com a oportunidade de ingressar no grupo da Azambuja, muito contra a vontade dos meus pais o que me obrigava a fugir de casa nos dias das corridas e treinos, mas que mais tarde vieram a aceitar pois eu nunca desisti do meu sonho.


P. Q.- Durante estes vinte anos foi tudo um mar de rosas ou houve algum espinho que se recorde?
P. F.- Isto é como diz o povo, todas as rosas têm espinhos e sempre há as coisas boas e as más e recordo-me de algumas más, mas as boas superam as más e são dessas que me quero recordar, embora assim de repente não me venha nenhuma à ideia, peço desculpa.

P.Q.- E como é que a família o tem apoiado nesta caminhada de pegar toiros?
P.F.- Apoiam e muito, e é muito bom sentir esse apoio que vem e veio das bancadas ou mesmo quando ficavam em casa a sofrer mas a torcer para que tudo corresse pelo melhor em praça, pois, sem eles a apoiarem-me seria impossível estar tantos anos nesta vida de forcado.



P.Q.- Quais as diferenças que vê e sente nos toiros de hoje em comparação com os do tempo em que começou a pegar?
P.F.- No tempo em que Eu comecei as coisas eram diferentes pois os toiros tinham outro génio ou seja apertavam mais com os cavalos e não eram nada fáceis para as pegas pois vinham mais brutos, os de hoje em dia têm um caráter diferente mais dócil e mais suaves para as pegas e assim servem melhor para o espetáculo dos cavaleiros.
Mas Eu pessoalmente gosto mais dos do antigamente pequeninos e brigões e a pedir contas a quem à sua frente se punha para os pegar.

P.Q.- Como vê a forcadagem de hoje em dia?
P.F.- Eu penso que há grupos a mais, mas que apesar disso todos se têm esforçado para evoluir tecnicamente e que estão com ganas para triunfar em praça para não deixar as jaquetas que vestem e os grupos das suas terras mal vistos pois só assim engrandecem a malta que pega toiros.

P.Q.- Mas essa competição é boa ou má para os grupos?
P.F.- Acaba por ter um pouco das duas coisas, isto é, o bom é que os grupos esforçam-se e arriscam mais para ir mais longe e melhor, o mau é os meios que por vezes se usam para ir a uma ou outra praça pegar toiros.

P.Q.- Mas como em tudo há sempre uma separação natural do bom e do menos bom, a quem cabe fazer essa separação no seu entender?
P.F.- Esse trabalho pertence à Associação a que os grupos pertencem, pois deviam ser um pouco mais rígidos e punir os infratores.

P.Q.- Mas se a Associação não faz o seu trabalho terá que ser o público e o toiro a fazer essa seleção? Isso é verdade?
P.F.- Sim, isso é verdade pois os toiros põem os forcados e os grupos nos seus devidos sítios.

P.Q.- O que gostava de dizer a quem está a começar agora neste mundo dos forcados?
P.F.- Que o principal é querer aprender e respeitar os forcados mais velhos no meio, pois só assim iram longe neste mundo e para terminar terem confiança nas suas capacidades (valor).

P.Q.- Como é que está a ser estes dias que estão a anteceder a sua despedida pois que já foi adiada por duas vezes devido ao mau tempo?
P.F.- Tem sido com algum nervosismo e expectativa, pois não é todos os dias que vamos estar com forcados (camaradas) que para nós foram ídolos e exemplo e reviver histórias antigas, quanto à despedida será mais um dia e mais um toiro só que será especial por ser na terra do grupo onde comecei a pegar na minha querida Vila da Azambuja.

P.Q.- E porque será também o toiro nº 100 um numero imaginário para qualquer forcado?
P.F.- Sim, mas principalmente por ser na Azambuja.

P.Q.- Como gostava ou imagina que será a última pega?
P.F.- Desde que seja com os meus companheiros atuais e antigos do grupo e visto ser a comemoração dos 45 anos do grupo espero que seja boa e que ninguém se aleije pois o resto é com Deus. E espero que seja muito bem regada durante o jantar que se segue.


P.Q.- Amanhã será um adeus definitivo ou um até já?
P.F.- Será um adeus, pois tudo o que é bom acaba e eu sempre quis acabar enquanto posso ajudar, pois como sabe não é fácil largar esta vida de forcado, mas sempre vou estar a disposição do grupo para dar o meu apoio e os meus poucos conhecimentos aos mais novos para que possam ser superiores na arte de pegar toiros.

P.Q.- A quem gostavas de agradecer?
P.F.- Gostava de agradecer aos cabos que conheci e que sempre me ajudaram e apoiaram a crescer e muito como homem, em especial ao Carlos Leonardo, que foi o meu 1º cabo e ao João Simões que acreditou em Mim não esquecendo o Fernando Coração e o Francisco Vassalo (Cabo Chico) pelo incentivo e apoio que me deram para regressar para o grupo da Azambuja, e quero agradecer também a toda a rapaziada que se tornou minha amiga durante estes anos todos.
“A TODOS MUITO OBRIGADO”
Bem Hajam…

P.Q.- O que gostava de dizer que ainda não disse?
P.F.- Bom, adorei todos os momentos os bons e os que foram menos bons ou seja os que correram mal.


Ao Pedro Fragoso a equipa do “Pátio de Quadrilhas” deseja as melhores das sortes para esta sua nova fase da sua vida.
E que amanhã corra tudo pelo melhor com todos os elementos do Grupo da Azambuja na sua festa de aniversário dos 45º anos.
E Venha Vinho…Lá…Lá…Lá…Lá!!!!

Entrevista - Carlos Caetano (Cajó)

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